Já tem um bom tempo que venho divulgando entre os amigos a minha teoria sobre o que é o amor, mas não havia me entusiasmado a escrever. Porém, por sugestão do querido Dami, resolvi faze-lo.
Sempre que me perguntam sobre o que é o amor, eu respondo: amor é uma patologia de encaixe!
Aí, olhos arregalados me olham com aquele ar de: “o quê???” E eu explico.
É verdade que temos alguma autonomia e também é verdade que ninguém se basta, mas como se explica que fulano está com fulana e não com beltrana? Não fui buscar respostas nas teorias científicas, fui, isto sim, observar e tentar compreender à minha moda. Daí fui reparando que o que liga as pessoas é a intensidade e a qualidade de suas patologias psico-emocionais, simples assim!
Somos todos um tanto loucos, cada qual a seu jeito, e o discurso sobre a normalidade a gente poderia resumir dizendo que normal é o louco que é louco igual à maioria dos outros loucos e que anormal é o louco diferente.
Dessa forma, se fulano gosta de bater, irá amar a fulana que gosta de apanhar; se fulano gosta de mentir, irá amar a fulana que gosta de ser enganada; se fulano gosta de obedecer e se submeter, irá amar a fulana que gosta de mandar e dominar o outro, etc. sendo a recíproca sempre verdadeira. Em outras palavras, no ditado popular se diz “é a tampa e o balaio”; “é a porca e o parafuso” e tantas outras expressões que nos remetem à idéia de encaixe.
Essa fórmula simples a respeito da acontecência do enamoramento contempla as duas teorias populares ( antagônicas a priori e não a posteriori) sobre o amor:
1) Os opostos se atraem – se considerarmos que gostar de bater e gostar de apanhar são duas polaridades opostas, então isso está certo.
2) Os semelhantes se atraem – está certíssima, uma vez que o fenômeno apanhar/bater é um só; não são duas coisas diferentes, mas dois modos que compõem a mesma dinâmica de funcionamento psico-emocional.
Seguindo esse raciocínio, quando alguma amiga ou amigo chega reclamando – em geral em prantos e se sentindo a pior das criaturas – que fulano ou fulana saía com ele ou ela, mas acabou se enamorando por outra ou outro, eu lhes pergunto: se tentássemos unir uma pessoa que gosta de bater com outra que não gosta de apanhar, isso daria namoro? Se tentássemos unir uma pessoa que mente com outra que não suporta a mentira, isso daria namoro? E se tentássemos unir, por exemplo, duas pessoas que gostam de mandar e dominar, mas odeiam obedecer e ser dominado, isso daria namoro???? Invariavelmente a resposta é um redondo e sonoro NÃO! E eu retruco: então por que está sofrendo tanto???? É óbvio que a relação seria impossível de acontecer, ou se acontecer, seria impossível se encaixar na norma do “felizes para sempre” (afff, mera utopia, a menos que se empreenda trabalho e haja empenho a fim de reproduzir a felicidade, veja bem, reproduzir sucessivamente e não sustentar a mesma)!
Por conseguinte, sempre que uma relação não se consolidar em um romance hollywoodiano, em vez de cair em prantos, caia de joelhos e agradeça aos céus, pois com certeza foi melhor assim para ambas as partes! … Ta, ta bom, eu confesso, primeiro eu sempre caio em prantos, só depois ( se eu sobreviver) de recolocar a cabeça no lugar é que caio de joelhos, mas cedo ou tarde eu acabo caindo!
Aí me perguntam: “mas e quando os dois estavam muito enamorados e de repente o amor acaba (algumas vezes até em ódio)?”
E eu respondo: é muito simples, ou um ficou mais adoecido que o outro ou ficou mais “curado” (conceito polêmico, mas serve pra quebrar o galho em termos didáticos), aí a engrenagem que se encaixava perfeitamente e funcionava sem entraves, passa a estar desencaixada, funcionando mal ( ou não funcionando). É como se um casal estivesse dançando, mas um está executando os passos da lambada enquanto o outro está dançando tango!
Além do mais, imaginem as cenas:
M – me engana que eu goooosto!
H – tá maluca, mulher? Aprendi que viver com a verdade é muito melhor! E eu lá sou homem de duas caras????
OU
H – Espere aí que vou te dar porrada!
M- Tá preso!!! Se me relar o dedo, tá preso! E quando tu tiver lá na cadeia eu ainda vou contar pros teus colegas de cela que tu bate em mulher! Aí tu vai ver como é bom ser mulher de malandro!!!!
E aí? Entenderam ou quer que eu desenhe? Hã, ei… ei… volte aqui, eu quero desenhar, vem cá… ei…!? … Xiii, não deu namoro!
Oi, Tatiana!
Parabéns pelo texto! É bem isso. Existe um “ajuste” de patologia. Se nós imaginásemos o que nos une a determinada pessoa… É claro que entre essa “tampa e caldeirão” existem algumas nuances ou, alernativas que você tão bem colocou como: reproduzir sucessivamente a felicidade e não sustentar a mesma).
Acho que a tal da cara metade continuará permanecendo!
Ajuste de neuras não tá com nada, não?
O ideal pelo menos eu acho é que consigamos nos colocar inteiros (de uma forma sã), um diante do outro, não? Esse papo rende… rsrs…
Obrigada pela postagem!
Um beijo!
Que carinho, Eliana! Eu é que agradeço as doces palavras! Você tem toda razão… esse papo reeende demais da conta, sô! Por exemplo, quando dizemos “ideal” é em relação à qual referencial? É o ideal de quem? Quando falamos de forma sã, o que é sanidade? De qual perspectiva falamos em sanidade? Se eu fosse falar do ideal e da sanidade a partir dos meus conceitos pessoais, provavelmente estaria excluindo aquilo que é ideal ou sanidade conforme os conceitos de outras pessoas. E tem gente que só consegue ser feliz desse jeito esquisito e desencontrado (vixi, até pra falar isso eu tenho de apontar referente a quê é esquisto etc.) que quando a gente olha acha absurdo! Assim, questões como amor, felicidade, ideal, sanidade, patológico e etc. só poderão ser consideradas tendo como referência aquele que disso fala, pois muito dificilmente os valores de cada um são tão coincidentes para haver a concordância absoluta. Em resumo, cito a frase que escutei hoje do professor Leandro Lajonquiére: “a vida é feita de desencontros, e o que importa é o que fazemos com esses desencontros” – afinal evitá-los é impossível! Beijo grande para ti!